sábado, 10 de novembro de 2012

O DIREITO DAS PEDRAS

Nós pedras exigimos nossos direitos
Não queremos ser deslocadas de nossos lugares
Que não seja pelo ação do tempo
Apesar de pedras, temos nossas raízes


Não queremos ser quebradas
Que não seja pelo rolar natural dos picos e montanhas
Ou de terremotos e tsunames
Apesar de pedras, queremos permanecer íntegras

Não queremos ser moldadas ao gosto dos homens
Que não seja pela ação natural dos movimentos e dos vulcões
Apesar de pedras, não queremos mudar nossa personalidade

Não queremos ser classificadas
Como boas ou ruins
Fortes ou fracas
Valiosas ou não
Que não talvez para dizer apenas que algumas rolam
e outras,
por enquanto não.

Não queremos ser atiradas para julgar outro ser
E quem concordar
Que não atire nem a primeira, nem a segunda pedra
E que seja a última vez que façam isto

Nós pedras falamos
Os seres humanos permanecem calados
E se continuarem assim
Maltratando pedras
Sejam no meio do caminho e ou fora dele
Se calarão para sempre
Uma lei gravada num único mandamento
O mandamento da natureza

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Nascer

Nasci em 16 de agosto de 1962, embaixo de um pé de café, pelo menos foi o que a minha mãe me disse:
- Foi naquele dia, estava com muitas saudades, seu pai chegou de viagem, muita saudade, vontade de abraçar, beijar, fazer as coisas que tinh

a que fazer, fazer as coisas que todos fazem na saudade, na vontade, inclusive os casais. E foi ali que eu senti que você nasceu.
Dizemos que nascemos quando saímos da barriga de nossas mães. É claro que isto é uma bobagem, já havíamos nascidos, apenas não estávamos prontos.
A gente nasce num momento de prazer e não de dor. A dor é para nos obrigar a sair de um lugar que já não nos serve mais. Era um lugar muito bom, mas estava ficando apertado.
A gente nasce num momento de vitória, vitória sobre muitos, muitos que serviram também para a minha vitória, talvez sejam eles também vitoriosos, sabe lá onde estarão agora.
Se tiver reencarnação deverá existir também reencarnação de espermatozóides perdedores.
Falar sobre quando se nasce é sempre uma história.
É o momento do encontro, onde parte de mim, toda agitada, deslizando de um lado para outro, se encontra com a outra parte de mim, mais serena, cujo único movimento é o de descer pelas trompas e aguardar o vencedor da verdadeira corrida olímpica, que decidiu a minha vida.
Qualquer deslize seria outra vida.
Porque não comemorar este dia?
 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Cantada Ideal


- Você vem sempre por aqui?
- Você está me cantando?
- Não, eu estou me encontrando, e nesse encontro comigo mesmo você apareceu.
- Mas assim você está me encantando.
- E é no encanto que os seus olhos brilham.
- O que tem nos meus olhos?
- Quando os seus olhos brilham posso me ver melhor neles.
- E porque você estaria nos meus olhos?
- Porque a beleza está nos olhos de quem vê.
- Não é muita pretensão?
- O que? Refletir beleza ou estar nos seus olhos?
- Talvez os dois
- Talvez um pré-tesão
- Agora está um pouco apressadinho
- E se eu me fizer de coitadinho, você me acolhe?
- Você busca um colo?
- Não sou apenas um tolo, em busca da paixão.

sábado, 10 de março de 2012

Greve Interior


Vamos fazer uma greve
Uma greve de medo,
De desejos insatisfeitos
Uma greve de preocupações
Com coisas inúteis
Vamos reivindicar
Não o que perdemos
Pois não sabemos exatamente o que
Perdemos nessa brincadeira de vida
E nem o que deveríamos ganhar
Pois não sei exatamente o que
Merecemos ganhar
Mas reivindiquemos um pouco
De liberdade
Exijamos de nós mesmos o
Respeito próprio, a dignidade, atitude
Façamos uma greve a nós mesmos
Mesmo que depois de algum tempo
Nossa consciência (errada) das coisas
A declare ilegal
Que nosso coração fale mais alto
Nas assembléias de momentos inesperados
Nossa greve deve ser constante
Sempre em cada momento
E que percebamos a vida em estagnação
Sejamos fortes para que possamos
Ser sempre vitoriosos em cada greve
Deglagrada a cada momento.

Em 1987, no meu primeiro ano de magistério no ensino fundamental, professores da rede estadual entram em greve por melhores salários, no governo Orestes Quércia. 25 anos se passaram, não saímos do lugar, vivenciamos o mesmo problema de descaso com a Educação. Muito se fala, pouco se faz de forma efetiva. 25 anos é muito tempo!.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Penso, logo insisto

Fazer o curso de matemática
Coisa não tão simples, um problema delicado
Exige conhecimentos, eu não vim preparado
Exige esforço fenomenal
Não sei se estou disposto
Mas estou aqui afinal.
Com as coisas acontecendo
Eu desanimo com isto
Aí eu penso, logo, eu desisto
Não deveria pensar
Mas como?
Inverto esta ordem
Se estou aqui
É porque aqui deverei pensar
Então penso, logo insisto
Não importa o que aconteça
Aqui é o meu lugar
Mas quem deve
Deveria ajudar
Não passei em Medicina
Logo, é óbvio,
Não vou acompanhar
Solução, não sei,
Não sou eu que devo encontrar
O caminho, não sei,
Só sei que é aqui que deverei estar
Esta é a minha reflexão
Reflexão é pensamento, eu insisto
Novamente penso, então
Agora sim, eu existo.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Informação para nada

Informação é bom
quando se pode fazer algo
para mudá-la
Senão
É só informação
Informação que me enoja
Que me paralisa
É muito claro minha incapacidade
de fazer
diante da minha capacidade de ler
Ler e acreditar
Acreditar em que?
Acreditar em quem?
Fazer o que?
Talvez seja bom
Para lembrar
que não saimos da selvageria
Ilusão esta de que estamos livres
dos ataques de tigres e leões
os verdadeiros predadores
Ilusão esta que estamos protegidos
Nossa prisão é maior
É uma prisão oculta
Disfarçada de liberdade
Liberdade de consumir
Consumir o padrão
Consumir a obrigação
A obrigação de se fazer consumir
Ai que saudade dos tigres e leões
Pelo menos eu sabia que a luta era justa.